Entrevista Pedagogia e
Filosofia
Professor Antonio
Carlos Pereira Borba Rocha
a) Qual sua função
Acadêmica ?
Eu sou professor de “Língua
Portuguesa e Literaturas”, tenho 64 anos, me formei em 1983, na Faculdade de
Letras da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Lá também fiz Mestrado
e Doutorado. Essa designação no plural “Literaturas” é importante porque o
curso referido contemplava as Literaturas dos Países Africanos de Expressão
Portuguesa. São cinco países: Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São
Tomé e Príncipe.
b) O que te levou a
cursar essa Cátedra ?
Desde os 10 anos de
idade percebi que eu queria ser escritor. Eu lia demais, sempre li, nessa
época, na minha casa não tinha televisão. Então, além das aulas eu lia de tudo
que aparecia nas minhas mãos, nas bancas de jornais, nas livrarias... hoje me
considero “aprendiz de escritor” tenho 11 livros publicados de forma
tradicional e 2 on line. Além de editar 5 blogs, 1 facebook, 1 twitter, todos
ligados às Literaturas e às Filosofias. Colaboro ainda com três outros blogs,
um em Belo Horizonte, outro aqui no Rio de Janeiro e mais um no Piauí.
Totalizando, por enquanto, são mais de 100 mil visitas nos meus blogs. Já
recebi contato de Macau, na China e de outros países. Mesmo assim, me considero
um “aprendiz de escritor”, estou sempre aprendendo. Também sou palestrante e
com frequência sou convidado para participar de seminários, conferências,
debates os mais diversos em faculdades várias, congressos etc. Acrescento que
tenho mais de mil artigos publicados em diversas mídias, já fui colaborador
assíduo em diversos jornais como O Globo, Tribuna da Imprensa, Tribuna de
Minas, Jornal do Comércio de Manaus – AM, Revista A Razão de Lisboa, Portugal,
Jornal de Letras etc.
c) Quanto tempo exerce
sua função?
Desde formado, já
lecionei em colégios particulares, cursinhos preparatórios, Universidade
Estácio de Sá e também como Docente I no Estado do Rio de Janeiro. Mas
esclareço que o curso de Letras tem outras abrangências: já trabalhei como Revisor
em editoras, em jornais, revistas, agências de notícias e agências de
publicidade, empresas gráficas e similares. Consiste em prepararmos os textos
para impressão ou divulgação nas mídias, prestando muita atenção na Gramática,
por isso que sempre falo aos alunos, incentivo muito o estudo e a pesquisa na
Gramática.
Perguntas Chaves
O que você entende por
ética profissional dentro do seu ambiente de trabalho? Você percebe se são
mantidas as relações éticas?
É algo básico para se
viver bem, em todas as áreas. No âmbito educacional é importantíssimo. Ética e
Moral são partes da Filosofia, assim tento ao máximo passar aos alunos
reflexões sobre assuntos pertinentes à Ética e à Moral. Um dos exemplos de se
fazer isso é que todo dia, quando entro em sala escrevo logo no quadro o
“Pensamento do Dia” serve para todos pensarmos o bem comum, a vida com Ética e
Moral. Curiosamente, às vezes esqueço e os alunos me lembram. Trago o
pensamento de algum filósofo, de algum pensador da humanidade e também estimulo
bastante os alunos a escreverem os seus próprios “Pensamentos do Dia” e
recomendo estudarem na internet os pensamentos, as frases e trechos afins, pois
nos enriquece muito. Com vistas a esse procedimento criei em um dos meus blogs
um “jornalzinho artesanal” chamado “O Projeto”. Já tem mais de 5 mil visitas e
apresento textos de alunos, professores, funcionários que gostam de escrever e
pais de aluno que também gostam de escrever.
Na segunda parte da
pergunta respondo que estamos sempre atentos e colaborando para que as relações
Éticas e Morais sejam mantidas no ambiente escolar.
2) O que é emprego e o
que é trabalho na sua concepção? Explique:
As duas conceituações
acabam se confundindo. De certa maneira são sinônimas. Digamos ... de acordo
com o Dicionário, emprego o meu tempo trabalhando em coisas que gosto, que me
alegram. Sigo a Filosofia Budista e há um princípio no Budismo que gosto muito:
“Um dia sem trabalho, um dia sem comida” então é preciso fazer algo, estar
ocupado, estar empregando bem o precioso tempo. Como sou professor de
Literatura cito sempre o escritor francês Honoré de Balzac (1799-1850) que
certa feita disse: “Meu trabalho é meu repouso. Meu repouso é meu trabalho”.
Assim estou sempre em criativa atividade e não me esquento a cabeça. Levo tudo
na tranqüilidade, de forma Zen.
3) Você encontra no
seu emprego o trabalho que queria ter ?
Sim, graças a Deus
sim, gosto muito de escrever, não paro de ler e escrever, de pesquisar, escrevo
no quadro em sala de aula, escrevo em casa, de forma profissional nos blogs
citados, escrevo até nos livros que estou lendo, as anotações que faço. Uma
vez, de brincadeira, disse para os alunos que vou pedir que coloquem no meu
caixão um livro, uma caderneta de anotações e uma caneta; como faziam os
antigos egípcios nas Pirâmides. Quanto ao “graças a Deus” é porque tive e tenho
muita sorte de estudar sempre nesta vida, viajar por outros países que me
aperfeiçoaram e muito. Estive na Inglaterra, França, Espanha (várias vezes),
Portugal (morei um tempo lá) e Norte da África. Me sinto muito grato a Deus
pelo muito que ele me ajudou e ajuda no gosto pelos estudos.
E acrescento que,
financeiramente, estou feliz sendo professor e desenvolvendo outras atividades
empresariais na minha área de formação.
4) Levando em consideração
sua Cátedra, mudar é complicado? Acomodar é perecer ?
Com relação à minha
cátedra não pretendo mudar, estou sempre me aperfeiçoando, melhorando,
aprofundando pesquisas, sou um eterno investigador das Letras, Artes e
Culturas. Agora “acomodar-se” em qualquer área é perecer, mas não é o meu caso.
Já lecionei nos três turnos da vida: manhã, tarde e noite, e de madrugada,
muitas vezes ficava preparando o meu mestrado e doutorado. Quero registrar que
nessa época, minha esposa e minha filha me ajudaram muito, e entendiam os meus
constantes estudos. Considero nós três, vitoriosos, graças ao bom Deus.
5) Você é volúvel ou é
velho?
Eu respeito muito
essas categorias que o educador Mário Sérgio Cortella aborda em seus
importantes textos e vídeos. Mas eu prefiro criar a minha designação, pois eu
também sou um pensador, eu estudei e estudo Filosofia, assim eu vou adotando os
meus próprios termos. Por exemplo, quando jovem, a palavra volúvel não tinha
uma boa definição, então eu prefiro me definir como “flexível”. Não se trata de
preconceito contra o vocábulo volúvel, eu sinto que é mais bonito vivenciar a
expressão “flexível” e até lembro de uma recomendação da Filosofia Budista,
precisamos ser flexíveis como os bambus. Observe, vem uma ventania ele, o bambu,
vai para um lado, vem outro temporal, ele vai para o outro, ele verga mas não
se quebra. Em compensação vemos nas reportagens que determinada árvore com uma
grande raiz e tronco foi arrancada pelo vendaval... Procuro então viver a
sabedoria dos bambus: Flexibilidade.
Velho também, em
relação à minha idade cronológica posso ser velho, mas estou sempre me
flexibilizando, aprendendo com jovens professores, alunos e outros
profissionais. Adoto o princípio: “vivendo e aprendendo”.
6) Algo mais a
acrescentar ?
Sim, em primeiro lugar
agradecer a você por essa excelente oportunidade de conversarmos sobre
Pedagogia, Filosofia, Literaturas e Vida.
Em segundo lugar, em
termos de metodologia eu procuro mais ou menos seguir a Pedagogia Summerhill,
que é uma escola que vem da Inglaterra e tem sua correspondente em Portugal
chamada “Escola da Ponte” e a “Pedagogia Waldorf” que vem da Alemanha e está
ligada à Antroposofia. Gosto muito dessas correntes e vou aos poucos adaptando
à nossa realidade brasileira, reconheço que é difícil, nem todos os alunos
entendem. Minha proposta é fazê-los crescer, amadurecer e se tornarem
pensadores, isto é, pensar a vida, pensar o trabalho e, em certo sentido,
“pensar e filosofar”, para vivermos melhor, aprendermos melhor e sermos felizes.
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